terça-feira, 1 de maio de 2012

Contato físico

Quando a gente era crianças, nós meninas tínhamos um medo enorme de tocar nos garotos. Por volta dos 8 e 9 anos eu já imaginava como seria ter um namorado. Eu gostava da ideia, mas por ser criança, não tinha noção de como a coisa realmente era. Minha mentalidade não me permitia ficar pensando sobre isso de um modo sensato. Mas enfim. Não tocávamos nos garotos. Era algo muito próximo e íntimo, e ficávamos morrendo de vergonha se, sem querer, encostássemos um dedo no outro. Mesmo tendo passado pela infância, não sei como que a mente infantil funciona e o que realmente se passava na nossa cabeça.
Fomos crescendo. Nosso medo de contato físico foi diminuindo aos poucos e minha mente foi evoluindo. Até certo ponto, era normal encostar nos garotos, mas por no máximo 3 segundos. Só. E a evolução continua: 4, 5, 6 segundos. E acho que parou por aí. Amigos próximos se tocam por até 10 segundos.
Aprendemos que abraços não fazem mal e não são um bicho de 7 cabeças. Quando eu estava na terceira série (com 9 anos) meu melhor amigo me abraçou. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Por mais que eu gostasse dele e já tivéssemos até dormido um na casa do outro várias vezes eu entrei em pânico. Para mim, abraços eram para namorados, pai e mãe, melhor amiga e bichos de estimação.
O Vini não tinha medo. Ele era extrovertido e não se importava com isso, e eu gostava disso nele. Admirava essa facilidade de tocar nas pessoas na medida certa. Até que ele saiu do colégio e eu fique num mar de garotas novamente. O contato com garotos era novamente distante.
Aprendi a pensar. Ponderar, comparar. Tomar decisões mais difíceis do que "qual o sabor de picolé eu ia escolher" ou se "iríamos brincar de pega-pega ou esconde-esconde".
Cresci e percebi que queria ter mais contato com garotos. Comecei a querer abraços, a querer segurar a mão de garotos (sempre um em especial) e a esperar pelo primeiro beijo.
*Admito que até pouco tempo atrás eu ficava meio nervosa com abraços, mas nada que me fizesse pirar na batatinha.*
E eu fico pensando. Se não temos mais tanto medo como antigamente, talvez daqui a um tempo vamos ter menos medo ainda, e as coisas que achamos muito cedo pra fazer, daqui um tempo, vai ser algo mais fácil e até normal.
Acho que vai ser assim mesmo.
E é isso.
Tchau.

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