domingo, 27 de maio de 2012

Irritada

Eu tenho andado meio irritada com as coisas do dia a dia. Tipo, eu estava com sede e queria tomar alguma coisa. Abri a geladeira e só encontrei Coca. Eu não conseguia abrir a tampa da Coca. Fiquei com raiva da pessoa que fechou aquela Coca porque apertou tanto que eu não consegui abrir. Só com muito esforço. Isso é muita idiotice? E teve uma outra vez que eu fiquei com raiva da minha caneta que não tava funcionando e joguei ela na parede.
Eu sou uma pessoa calma e pacífica (geralmente) e não sei por que cargas d'água me deu esse chilique.
Teve outra vez que eu tava dormindo de tarde. Já era umas 3:30 da tarde e daí começou um barulho muito insuportável de furadeira. O chão tremia e aquele barulho penetrando no ponto mais sensível do meu cérebro me deixou louca. Tive vontade de espancar meu vizinho.
Uma coisa que também me deixa profundamente irritada é quando meu pai pega minha guitarra e fica lá, brincando de guitarrista famoso. E é que nem criança que fica tocando qualquer coisa só pela emoção de tocar guitarra, sabe? E daí eu tenho que ser muito paciente com essa criança de 40 anos.
É a mesma coisa quando ele decide tocar o piano elétrico aqui de casa.
A gente ri pra não chorar.
É uma coisa. Ele poe acompanhamentos diferentes, troca o instrumento, faz de tudo, menos tocar alguma coisa que preste.
Também fico um tantinho irritada quando minha mãe começa a cantar uma música que ela não sabe a letra e nem o ritmo, mas acha que sabe.
É esquisito porque as coisas me mais me irrita nos meus pais tem a ver com música.
Descuuulpa sociedade se estou sendo aquela adolescente reclamona que eu disse que nunca ia ser, mas são as coisas que me irritam. Acho que fico irritada com isso por causa do meu extremo perfeccionismo. Que coisa né?
E então...
Fiquei irritada também com o tempo de vida das pessoas. Como se fosse um sujeito. Eu estava na sala de espera do consultório do meu dentista com a minha vó e reparei pela primeira vez que a raiz do seu cabelo estava ficando branca. Por seu cabelo ser muito loiro, do tipo loiríssimo, não dá pra perceber muito, mas quem olha com atenção repara. Me deu raiva e tristeza porque logo logo, se ela não pintasse, todo seu cabelo ficaria branco. Cabelos brancos em idosos significa que a pessoa esta ficando velhinha já.
Eu quero que minha vó seja imortal e ver a idade a alcançando me deixa imensamente triste. E com raiva desse tempo curto de vida. E com raiva da vida. E do mundo. E das pessoas. E da sociedade.
Daí eu lembro dele.
E o mundo não me deixa mais tão triste.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Simples


Ela diz:
eu sabia pensar melhor antigamente
Ele diz:
as vezes eu tbm tenho essa impressão sobre mim
Ela diz:
sla
minha filósofa interior parece q morreu
ou q ta dormindo
parece tudo tao simples
e quando ta tudo simples
não tem nada pra escrever
Ele diz:
exato!
Ela diz:
quando sua vida parece q ta normal denovo
depois de uma eternidade
Ele diz:
psé
mas falou tudo ali
parece tudo tão simples
e quando ta tudo simples
não tem oq escrever
Ela diz:
a simplicidade é simples
e o simples é chato
o simples n tem muito conteudo
pq é simples
Ele diz:
mas é bom
Ela diz:
é simplesmente simples demais
mas é bom sim
é ótimo
Ele diz:
eu canso de ver aqueles posts no tumblr
q eu quase sempre reblogo
"gosto das coisas simples"
o simples não é chato
o fácil é chato
Ela diz:
é verdade
Ele diz:
o simples é bom
Ela diz:
é ótimo
é gostoso
Ele diz:
 ^^
Ela diz:
e você é simplesmente a minha pessoa favorita no mundo inteiro...

Contato físico

Quando a gente era crianças, nós meninas tínhamos um medo enorme de tocar nos garotos. Por volta dos 8 e 9 anos eu já imaginava como seria ter um namorado. Eu gostava da ideia, mas por ser criança, não tinha noção de como a coisa realmente era. Minha mentalidade não me permitia ficar pensando sobre isso de um modo sensato. Mas enfim. Não tocávamos nos garotos. Era algo muito próximo e íntimo, e ficávamos morrendo de vergonha se, sem querer, encostássemos um dedo no outro. Mesmo tendo passado pela infância, não sei como que a mente infantil funciona e o que realmente se passava na nossa cabeça.
Fomos crescendo. Nosso medo de contato físico foi diminuindo aos poucos e minha mente foi evoluindo. Até certo ponto, era normal encostar nos garotos, mas por no máximo 3 segundos. Só. E a evolução continua: 4, 5, 6 segundos. E acho que parou por aí. Amigos próximos se tocam por até 10 segundos.
Aprendemos que abraços não fazem mal e não são um bicho de 7 cabeças. Quando eu estava na terceira série (com 9 anos) meu melhor amigo me abraçou. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Por mais que eu gostasse dele e já tivéssemos até dormido um na casa do outro várias vezes eu entrei em pânico. Para mim, abraços eram para namorados, pai e mãe, melhor amiga e bichos de estimação.
O Vini não tinha medo. Ele era extrovertido e não se importava com isso, e eu gostava disso nele. Admirava essa facilidade de tocar nas pessoas na medida certa. Até que ele saiu do colégio e eu fique num mar de garotas novamente. O contato com garotos era novamente distante.
Aprendi a pensar. Ponderar, comparar. Tomar decisões mais difíceis do que "qual o sabor de picolé eu ia escolher" ou se "iríamos brincar de pega-pega ou esconde-esconde".
Cresci e percebi que queria ter mais contato com garotos. Comecei a querer abraços, a querer segurar a mão de garotos (sempre um em especial) e a esperar pelo primeiro beijo.
*Admito que até pouco tempo atrás eu ficava meio nervosa com abraços, mas nada que me fizesse pirar na batatinha.*
E eu fico pensando. Se não temos mais tanto medo como antigamente, talvez daqui a um tempo vamos ter menos medo ainda, e as coisas que achamos muito cedo pra fazer, daqui um tempo, vai ser algo mais fácil e até normal.
Acho que vai ser assim mesmo.
E é isso.
Tchau.